19/04/2024
As histórias são nossas memórias...
Trecho de "A Cidade das Palavras" de Alberto Manguel, tratando sobre a memória, bibliotecas e a leitura:
"...as histórias concentram nosso saber e lhe dão forma narrativa, de modo que, por obra das nuanças do tom, do estilo,e da peripécia, tentemos não esquecer o que aprendemos. As histórias são nossas memórias, as bibliotecas são os depósitos dessa memória, e a leitura é o oficio por meio do qual podemos recriar essa memória, recitando-a, glosando-a, traduzindo-a para nossa própria experiência, permitindo-nos construir sobre os alicerces do que as gerações passadas quiseram preservar".
10/03/2024
Jean Baudrillard e o terrorismo
"Nasreddin atravessa a fronteira todos os dias com mulas carregadas de sacos. Cada vez, os sacos são revistados, mas não se encontra nada. Nasreddin continua a passar a fronteira com suas mulas. Muito tempo depois, algúem lhe pergunta o que contrabandeava. E ele responde: "Mulas".
Lendo e relendo a passagem, vemos que faz todo o sentido no contexto e no tema tratado...
19/11/2023
Onde está a verdade? E o papel da memória?
Luis Buñuel, notável e diferenciado cineasta, também tem suas citações memoráveis:
"Daria a vida por um homem que busca a verdade, mas mataria um homem que julga ter encontrado a verdade."
“É preciso começar a perder a memória para se dar conta que é essa memória que compõe toda a nossa vida. Uma vida sem memória não é uma vida (…). Ela é nossa coerência, nossa razão, nosso sentimento e até mesmo nossa ação. Sem ela nós não somos nada”.Simples assim.
31/07/2023
Quer organizar a sua biblioteca?
Lendo "Como organizar uma biblioteca" de Roberto Calasso, encontrei um alívio, representado por pensamentos bem elaborados:
"Sóbrias palavras que convidam a se resignar, de uma vez por todas: a organização de uma biblioteca nunca encontrará — aliás nunca deveria encontrar — uma solução.
Simplesmente porque uma biblioteca é um organismo em perene movimento. É um terreno vulcânico onde sempre está acontecendo algo, mesmo que não seja perceptível de fora."
O titulo do livro é realmente de uma bela ironia pois simplesmente é demonstrado que não existe a possibilidade de uma técnica única e convergente para esta organização... que cada um seja feliz na sua ordem e no seu sentimento com relação aos seus livros e autores!
12/06/2023
Livros: modo de usar - recomendações
Quais são as 10 dicas de Roberto Calasso, escritor italiano falecido em 2021 aos 80 anos, que passou a vida em torno dos livros:
.Destaco aqui algumas passagens que me fizeram entender algumas reações que já tive e nem sempre compreendia bem...
30/05/2022
Uma visão apátrida da memória...
"Podemos memorizar muitas coisas, imagens, melodias, noções, argumentações ou poemas, mas há duas coisas que não podemos memorizar: a dor e o prazer. Podemos no máximo ter a lembrança dessas sensações, mas não as sensações da lembrança. Se fosse possível reviver o prazer proporcionado por uma mulher ou a dor causada por uma doença, nossa vida se tornaria impossível. No primeiro caso, se transformaria em uma repetição, no segundo, em uma tortura. Como somos imperfeitos, nossa memória é imperfeita e só nos restitui aquilo que não pode nos destruir."
"Prosas apátridas" de Julio Ramón Ribeyro
20/01/2022
Anotações sobre o pensamento de John Ruskin (1819-1900)
Mas com a gente parece que deu tudo errado. Por que não podemos ser como ela é? Há um contraste humilhante entre a beleza natural das árvores junto a um riacho e a imundície inóspita de uma rua comum; entre o interesse sempre mutável do céu e a monotonia e o desconsolo de grande parte da nossa vida. Ruskin sentia que essa comparação dolorosa era instrutiva. Como fazemos parte da natureza, temos a capacidade de viver segundo seu padrão. Deveríamos usar a emoção que sentimos com sua beleza para nos energizar e igualar suas obras.
A meta da sociedade humana deveria ser honrar a dignidade e a grandeza do mundo natural. Ao defender a beleza com tamanha intensidade, Ruskin resgata pequenas partes de nossa experiência que raramente levamos muito a sério. Em determinados momentos, a maioria de nós já sentiu que as árvores são adoráveis, que outro lugar (que poderia ser Veneza) é muito mais bonito do que o lugar onde passamos o dia a dia, que há demasiadas coisas fajutas no mundo, que o trabalho realmente não é prazeroso o suficiente, que é comum nos sentirmos mal-empregados – mas tendemos a desdenhar desses pensamentos como pessoais demais, menores, sem muita importância para ninguém além de nós mesmos.
Ruskin nos recomenda uma atitude mais séria e ambiciosa. Ele diz que são exatamente esses pensamentos e experiências que precisam receber o peso apropriado, que precisam ser analisados e compreendidos. Eles oferecem pistas muito importantes do que está errado no mundo e, portanto, podem nos levar a tomar providências que o tornem um lugar genuinamente melhor."
(extraido de Grandes Pensadores - The School of Life)