Mas com a gente parece que deu tudo errado. Por que não podemos ser como ela é? Há um contraste humilhante entre a beleza natural das árvores junto a um riacho e a imundície inóspita de uma rua comum; entre o interesse sempre mutável do céu e a monotonia e o desconsolo de grande parte da nossa vida. Ruskin sentia que essa comparação dolorosa era instrutiva. Como fazemos parte da natureza, temos a capacidade de viver segundo seu padrão. Deveríamos usar a emoção que sentimos com sua beleza para nos energizar e igualar suas obras.
A meta da sociedade humana deveria ser honrar a dignidade e a grandeza do mundo natural. Ao defender a beleza com tamanha intensidade, Ruskin resgata pequenas partes de nossa experiência que raramente levamos muito a sério. Em determinados momentos, a maioria de nós já sentiu que as árvores são adoráveis, que outro lugar (que poderia ser Veneza) é muito mais bonito do que o lugar onde passamos o dia a dia, que há demasiadas coisas fajutas no mundo, que o trabalho realmente não é prazeroso o suficiente, que é comum nos sentirmos mal-empregados – mas tendemos a desdenhar desses pensamentos como pessoais demais, menores, sem muita importância para ninguém além de nós mesmos.
Ruskin nos recomenda uma atitude mais séria e ambiciosa. Ele diz que são exatamente esses pensamentos e experiências que precisam receber o peso apropriado, que precisam ser analisados e compreendidos. Eles oferecem pistas muito importantes do que está errado no mundo e, portanto, podem nos levar a tomar providências que o tornem um lugar genuinamente melhor."
(extraido de Grandes Pensadores - The School of Life)