05/09/2009

Americana


Na literatura, os mais contundentes críticos do "american way of life" trataram a questão de maneira sarcástica e mordaz para se fazerem ouvir. Talvez, nesta tarefa, ninguem se esforçou mais que Kurt Vonnegut. Embora sempre lembrado por Matadouro 5 , sua obra é profícua e literariamente rica. Tem seus altos e baixos, mas tem também uma consistência pouco vista em muitos escritores contemporâneos. Sua principal caracteristica é a inserção de trechos de ficção científica na maior parte de suas obras, retratando um planeta hipotético (Trafalmadore) e seus habitantes. Este contraponto é sempre divertido, mas nunca gratuito.

Fazem parte desta tradição literária ainda John Irving, principalmente em O Mundo Segundo Garp e Joseph Heller com Ardil 22, este último um libelo antibelicista que também usa a ironia como arma.

Num contexto literário diferente, os contemporâneos Paul Auster e Don DeLillo se destacam. O primeiro livro de Paul Auster que li, A Noite do Oráculo, representou a visão de uma Nova York etérea e quase fantástica, assim como seus personagens. O que se seguiu em outros livros, de temática urbana mas poeticamente inspirados. De Don DeLillo, temos o definitivo e soturno Ruido Branco, mas outros livros conferem um peso especial ao conjunto de sua obra


Um autor menos conhecido mas que me marcou, especialmente pela novela O Feiticeiro é Jim Harrison. Tem um viés humorístico, um tanto descompromissado da realidade, mas literariamente elegante. Em outras obras, trata do interior rural dos Estados Unidos sempre poeticamente (aliás a poesia foi sua origem como escritor).